O comportamento não é novo, mas ganhou visibilidade com o avanço das redes sociais entre o público jovem. Os perfis “dix” – nome popularizado nas redes como abreviação de “diz aí” ou “perfil extra” – são contas secundárias criadas por adolescentes para interagir apenas com amigos próximos. Nelas, costumam circular desabafos, imagens mais espontâneas, piadas internas e conteúdos que dificilmente seriam postados nas contas abertas e seguidas por pais ou responsáveis.
Embora não haja dados específicos sobre o número de perfis desse tipo, a prática vem sendo discutida em fóruns educacionais e reportagens sobre comportamento digital juvenil. Em 2023, a pesquisa TIC Kids Online Brasil, desenvolvida pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br), indicou que 41% dos adolescentes entre 9 e 17 anos já esconderam alguma atividade na internet dos pais ou responsáveis – um dado que ajuda a contextualizar o crescimento de perfis alternativos.
Privacidade ou isolamento?
Especialistas em educação digital alertam que o uso desses perfis nem sempre representa um problema. Para muitos adolescentes, eles são uma forma de preservar a privacidade e testar limites de identidade. No entanto, a existência de uma “vida digital paralela” pode dificultar o diálogo com a família e, em alguns casos, esconder sinais de sofrimento emocional.
O ideal, segundo orientações do Instituto Alana e da ONG SaferNet Brasil, é que pais e responsáveis criem canais abertos de conversa sobre o uso das redes, promovendo confiança e empatia em vez de controle excessivo. Monitoramento intrusivo ou punições sem diálogo podem levar à criação de mais barreiras.
Como identificar e lidar com a situação
- Observe mudanças repentinas de comportamento ou humor;
- Converse regularmente sobre como é a experiência digital dos filhos;
- Respeite a necessidade de privacidade, mas reforce a importância da segurança online;
- Busque apoio profissional em casos de exposição a conteúdos prejudiciais ou sinais de sofrimento psíquico.
Os perfis “dix” fazem parte da dinâmica digital da nova geração. Ignorá-los ou tratá-los como rebeldia pode ampliar o distanciamento entre pais e filhos. Mais do que vigiar, é preciso acompanhar – com atenção, respeito e escuta ativa.
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