Com aparência quase idêntica à de recém-nascidos, bonecas artesanais ganham espaço entre colecionadores, terapeutas e pessoas em processo de luto
Eles têm peso, textura, veias e expressões que confundem até o olhar mais atento. Os bebês reborn — bonecas hiper-realistas feitas artesanalmente para se parecerem com recém-nascidos — conquistaram um público diverso no Brasil, que vai de artistas e colecionadores até pessoas que os utilizam como forma de conforto emocional.
Originados nos Estados Unidos nos anos 1990, os reborns chegaram ao Brasil há cerca de uma década e hoje movimentam um mercado aquecido, com peças que podem ultrapassar os R$ 5 mil. Cada boneco é único: são semanas de trabalho que envolvem pintura em camadas, aplicação de cabelos fio a fio, enchimentos que simulam o peso de um bebê e até ímãs internos para chupetas e acessórios.
Além do colecionismo, os reborns têm sido usados como ferramenta de apoio em casos de luto gestacional, infertilidade e demência. Uma reportagem da BBC mostra como bonecas semelhantes são utilizadas na Polônia por mulheres que enfrentam a perda de filhos, a solidão ou depressão, destacando possíveis benefícios terapêuticos em contextos específicos.
Apesar disso, o fenômeno ainda desperta controvérsias. Enquanto para alguns o vínculo com essas bonecas é uma forma legítima de acolhimento simbólico, para outros levanta questionamentos sobre saúde mental e a linha tênue entre afeto e substituição emocional.
Feiras, oficinas e comunidades online ajudam a expandir o universo reborn no Brasil. Vídeos de reações emocionadas ao receber um “bebê” viralizam nas redes sociais, evidenciando o impacto que essas criações podem causar.
Entre a arte, o afeto e a memória, os bebês reborn seguem despertando sentimentos e debates — e ocupando um lugar único entre o real e o simbólico.
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